*Cesário Alves de Lavor
A EEB Nossa Senhora das Mercês, com sua educação direcionada para a formação humana e cristã dos seus educandos, atravessou as paredes escolares a fim de conhecer de perto o espaço geográfico do semiárido brasileiro, através das disciplinas de geografia, história, química, matemática, física, biologia e literatura com o Tema Gerador “O QUINZE”, obra de Rachel de Queiroz.
O estudo foi feito em médio prazo, com o objetivo de estudar o fenômeno da seca a partir da literatura brasileira e apresentar as alternativas de convivência com o semiárido através de um olhar multidisciplinar.
A natureza do semiárido preserva condições peculiares a determinadas características. A escassez de chuva e o clima quente e seco dificultam a sobrevivência do homem no campo, lembrando que a seca não é um fenômeno apenas no Semiárido; ela assola o homem em outros meios deixando marcas registradas às pessoas e a economia.
O homem do sertão sempre desejou encontrar a melhor maneira de viver junto a sua terra e sua gente, porém precisaria encontrar subsídios necessários ao desenvolvimento de técnicas adequadas ao clima de sua região. O semiárido brasileiro ocupa uma área de aproximadamente 800.000 km2 dos estados do Nordeste e Norte de Minas Gerais. O Ceará possui a maior parte do seu território situado no polígono da seca e quando esta ocorre deixa marcas no seu povo e sua economia. O desmatamento desordenado, com retirada de vegetação nativa é uma das maiores causas da desertificação do nosso estado, atingindo cerca de 19000 km2 em fase pré-desértica.
A água como dom da vida, é o recurso mais importante para qualquer povo, especialmente onde a própria natureza se encarrega de fazê-la um bem raro. No semiárido o baixo índice pluviométrico com estações chuvosas de curto período e irregulares, faz com que o povo nordestino disponha de poucos recursos para a exploração do subsolo e para a construção de grandes reservatórios hídricos.
A caatinga é o mais brasileiro dos ecossistemas conhecidos e também um dos mais afetados pela degradação ambiental, criando a necessidade urgente de cuidarmos das riquezas ainda existentes no seu meio natural, estimulando o homem do campo a permanecer no seu lugar, junto à sua família com um desenvolvimento sustentável.
No dia 28 de abril de 2004, data em que se comemora o dia nacional da caatinga, foi assinado o decreto que instituiu o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga, sendo o Ceará o pioneiro na criação do comitê; que tem por objetivo assegurar e coordenar as ações de conservação e desenvolvimento sustentável da caatinga.
No ecossistema da caatinga existem muitas plantas e animais, que sequer foram estudadas para possível melhoramento científico regional. Para melhor preservarmos, temos que conhecer de perto a realidade.
No período de grandes secas como a de 1915 e 1958, o sertanejo sofreu muito, pois quase não existia uma política de combate a pobreza que pudesse melhorar a vida do povo do semiárido. Em épocas posteriores já houve a intervenção maior do Estado com frentes de serviço e cesta básica.
A indústria da seca foi algo presente na política brasileira, onde alguns favorecidos diziam fazer caridade ao povo nordestino trazendo frentes de serviço, que na maioria das vezes favorecia a construção de reservatórios hídricos nas propriedades particulares, nas quais quem realmente construía com sua força de trabalho não podia usufuir do benefício. Ainda existiam aqueles que manipulavam os recursos, fazendo desvio de dinheiro e alimentos doados.
Conforme visitas “in loco”, pode-se constatar a presença de assistência técnica a algumas famílias e há pequenos agricultores e pecuaristas que recebem treinamentos direcionados ao manejo do solo e a criação de animais com subsídios, conhecimento científico necessário para desenvolver uma agropecuária intensiva, ou seja, com pouco espaço e ótima produtividade com qualidade de produção.
A exemplo de alternativa econômica para o sertanejo, na localidade de Lagoinha II, no distrito de Itapipoca especificamente na propriedade do senhor Luis de Sousa Neto, que é assistida pelo PRONAF(Programa Nacional de Agricultura Familiar), há uma estrutura de assistência ao pronafiano desde o início do manejo para a produção até a ponta final da venda do produto, sem atravessadores, gerando benefícios ao produtor pela excelência no preço e lucratividade, e beneficiando o consumidor com produtos mais baratos e saudáveis, devido sua forma de manejo ecológica e auto-sustentável.
Para aqueles que só possuem uma área de terra mínima próxima a sua residência(quintal), existe a agricultura de quintal ou urbana, que consegue desenvolver o plantio de hortas e pequenas fruteiras para uso próprio, lembrando que esta técnica também caracteriza reflorestamento.
A criação de ovinos e caprinos também tem destaque, como alternativas viáveis de produção no sertão, porque são animais de fácil adaptação ao clima e a vegetação da caatinga. Os donos desses animais são favorecidos por serem animais de pequeno porte, tendo custo baixo para alimentação e de fácil manuseio e comercialização.
A criação de aves é outra atividade importante, pois requer área mínima e, com acompanhamento técnico, consegue boa produtividade e lucratividade em espaços antes improdutivos.
Os reservatórios de água são legitimamente necessários para que todas as alternativas econômicas do semiárido sejam possíveis para manter seu funcionamento com ações permanentes. A construção de cisternas, tem sido uma preocupação da CáritasBrasileira com a finalidade de consagrar o sertanejo com água para saciar sua sede, existindo também por parte de muitas entidades governamentais e ONGs a preocupação com a construção de cisternas e poços artesianos, a fim de garantir a água como o bem mais precioso para a vida e sustento da sua produção, seja agrícola ou pecuária. Para maior eficácia das cisternas é necessário a construção de grandes reservatórios de água, que possibilite o reabastecimento das cisternas no período de escassez das chuvas.
O sistema de cooperativas e associações faz lembrar a frase: a “união faz a força”. Vendo a realidade de vida do sertanejo, isso é fantástico e vital para uma produção independente e fortalecida diante do mercado competitivo.
É desejo de todo bom brasileiro a realização de projetos, que de verdade solidifique a idéia de combate a pobreza do povo do semiárido erradicando a fome e semeando vida e progresso ao nosso povo nordestino.
*Graduado em Pedagogia com Habilitação em Matemática e especialização em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio. Bacharel em Administração Pública e estudante de Especialização em Docência Superior. Professor de História e Geografia da Escola Nossa Senhora das Mercês em Itapipoca/CE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aves da caatinga(Fundação Demócrito Rocha)
Manual Cisternas e Placas( Cáritas Brasileira)
Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável – PDRS
SEBRAE
INSTITUTO SESAMAR
Sites: www.agroecologia.inf.br
egião. O Semi-ÁÁhomem no campo.
E agora!
As pessoas também passam,
Novas amizades 
Que nossos mestres lhes passaram.
Nunca desanimem diante dos desafios
